Pequenas coisas
Um breve passeio pelas ruas de Santiago
Felipe Paiva
7/5/20232 min read


Em agosto passei uns dois dias e meio gravando um evento a trabalho em Santiago. Arrumando minha mala e já com a minha câmera fotográfica pessoal guardadinha lembrei que tinha um filme na geladeira, um kodak double x rebobinado PB e tinha a pentax k1000 ali parada olhando pra mim. Não tive dúvida, saquei a fuji super moderna da mochila e substitui pela pentax e essa única bobina de filme.
Depois de compromissos realizados e trabalho formal cumprido, consegui uma brecha entre check-out de hotel e voo de volta para dar uma volta por Santiago. Em algum momento de caminhada, já dentro do parque Araucano, um parque em uma região empresarial de Santiago, caminhava observando a paisagem quando de repente um homem me para com uma feição animada e um sorriso empolgado. Ele aparentemente trabalhava no parque fazendo a manutenção e varrendo as folhas secas, que eram muito nessa época do ano. Esse homem do qual eu não sei o nome ficou encantado em poder rever uma câmera de filme, me perguntou se era isso mesmo que ele estava vendo e eu disse que sim, conversamos sobre algumas peculiaridades de como era bacana fotografar desse jeito e no final do papo, perguntei se podia fazer uma foto dele, sem exitar ele se posicionou com as mãos junto ao corpo e ficou esperando para que eu fizesse o clique. Confesso que fiquei nervoso na hora, queria muito fazer a foto, olho a velocidade, olho a abertura, tento enquadrar com uma 50mm, foco e clique, um único clique. Agradeci pela foto, nos despedimos.


Depois disso eu tinha que voltar para o hotel e para isso, caminhar uns dois quilômetros e meio de volta. Durante o caminho eu tive diversas reflexões enquanto ouvia Fito Paez nos fones de ouvido. Pensei muito sobre a vida, sobre as reflexões que tenho em relação a felicidade e de como ela vive nas pequenas coisas, pensei na foto que tinha feito, queria muito que tivesse dado certo, pensei em como a gente consegue se encontrar dentro de nós mesmos quando estamos sozinhos, enfim, pensamentos que talvez não façam sentido para quem conseguir chegar até essa parta da leitura, mas que naquele momento me fizeram entender algumas coisas e questionar outras. Demorei bastante para levar o filme para revelar, sonhei por alguns dias de como teria ficado a foto daquele homem tão simpático e gentil. Será que existia algum registro interessante daquela caminhada? Para a minha surpresa, a resposta foi positiva, fique feliz de poder depois de alguns meses relembrar aquele momento e relembrar o quão importante é se sentir feliz dentro das pequeninas coisas que a vida nos oferece.
Quando penso sobre fragmentos da memória, talvez essa seja a explicação mais clara através de imagens que eu possa dar para esse trabalho que pretende durar uma vida toda.





